18 de julho de 2013

Travessia Morro Pelado/Pico Jurapê

Morro Pelado em primeiro plano, seguido pelo Jurapê e a cidade de Joinville ao fundo. 
Visto do cume do Castelo dos Bugres

A porção da Serra do Mar na cidade de Joinville denominada de Serra do Piraí é de uma beleza incrível e pouco explorada.
Com exceção das montanhas mais famosas que são frequentadas por suas trilhas normais, a maioria segue com visitas esporádicas dos mais audaciosos. 
Com relação as travessias de montanha, a maioria ainda esperam os primeiros. Imagino que a pouca frequência seja devido a densa floresta atlântica e o relevo bem movimentado, com grandes desníveis, rios, vales profundos e escarpados, sem falar no clima super úmido dessa porção da serra.

Uma das travessias a muito tempo imaginada por muitos montanhistas é a do Morro Pelado/Pico Jurapê, digo imaginada porque o traçado da mesma é facilmente visualizado do cume do Castelo dos Bugres, a montanha mais visitada desse lado da serra.

No primeiro suspiro da temporada de montanha os joinvilenses Arlindo Rossi, Rubens Schroeder e Jaison Budal Arins empreenderam essa incrível travessia.  

Acompanhem o relato feito por Arlindo Rossi:

Uma das primeiras atividades de caminhada em montanha que realizei na região de Joinville, foi no Morro Pelado. Amei o lugar! 
Tempos depois comecei “assuntar” sobre caminhar entre o Pico Jurapê e o Morro Pelado. Nada de muitas informações ou dicas, deixei prá lá, quem sabe “um dia”... 
E o dia chegou! Primeiro de Junho de 2013, dia de dar risadas com meus amigos Rubens Schroeder e Jaison Budal Arins, parceiros da empreitada. Depois de dois dias divertidíssimos estávamos sentados no mirante oeste do cume do Jurapê apreciando o trajeto feito na árdua empreitada. Tá certo que o segundo dia não foi fácil, mas nos divertimos. A alegria de ter concluído a travessia é indescritível e para chegar até a Heineken só faltava descer o Jurapê, pra quem abriu trilha durante quase dois dias em mata fechada, estávamos praticamente em casa. 


Nossa atividade iniciou as 06:30 do dia 31 de Maio de 2013, a caminhada até o Pelado foi rápida e muito boa, a ansiedade de olhar de cima o trajeto a ser percorrido até o Jurapê fez “voarmos” na trilha. O primeiro dia foi muito “tranquilo”, passamos por lugares maravilhosos, sinais de animais (antas, catetos, veados, pássaros) por todos os lados, a sim, esqueci os carrapatos (rsrsrs) muitos carrapatos! 
Sinais de atividade humana também. Pudemos observar "marcas" neste trecho do primeiro dia. Navegamos com GPS a partir do Morro Pelado. Rubens traçou a provável rota utilizando o Google Earth, provável porque esta área está na junção de várias cartas topográficas e elas são ruins! 


Num lugar como este o “faro” e senso de orientação ainda são grandes ferramentas. Falando em ferramenta, o facão foi indispensável em alguns pontos. Nosso acampamento foi montado sob as luzes das lanternas e um local não muito bom, aliás, local bom para montar barraca é difícil de achar. No sossego da barraca, jantamos (coca-cola) e conversamos muito. Demorou amanhecer, noite longa! A ansiedade faz você acordar a cada instante. A inclinação do terreno faz o saco de dormir escorregar... que saco! Acordei animado, vamos seguir! O que??? 01:30 da madruga? Ah não, quero caminhar! O tempo estava bom no primeiro dia. Sabíamos que no dia seguinte a previsão era chuva para o período da tarde. “Tranquilo, o Jurapê está logo ali!” O segundo dia começou cedo, mar de bromélias, taquara, grota e todo tipo de dificuldade. O trecho é relativamente curto, porém sem trilha definida. Pouco visual que nos mostre a direção. Outro fator de dificuldade são os trechos íngremes, parece a parte final da trilha normal do Jurapê, só que sem trilha. A 150 metros do cume tivemos que escalar uns 10 metros de parede vertical. Havia vegetação neste lugar que dificultou, mas ao mesmo tempo ajudou na subida pois sem vegetação seria impossível subir ali sem ter onde se segurar. 


Este dia foi phoda, tivemos de podar muito mato até nosso objetivo final. Resolvemos subir o Jurapê pela face Noroeste, chegamos por aquele "descampado" que dá visual ao Morro do Vestido, Pelado e Castelo. Neste trecho do segundo dia não vimos nenhuma marca de presença humana, também pudera, um quilômetro em linha reta que percorremos em 7 horas. Esta caminhada é extremamente difícil. As 15:00 do dia 01 de Junho de 2013 estávamos no cume do Jurapê. Livro de cume assinado, iniciamos a descida. O Rubens em uma subida ao Jurapê tempos atrás, escondeu uma garrafa de vinho na cascata que há no meio da trilha. Ela foi aberta em comemoração a essa travessia, estava ótimo! 
Dica: consumir vinho escondido na trilha dificulta a caminhada! Enfim, como dito no início da descida: As 18:00 estaremos no pasto do Jurapê. 18:05 nossas pernas carregadas de dois intensos dias de caminhada em uma região de mata fechada, íngreme e com o peso das cargueiras, tocavam o gramado do pasto rumo ao descanso, e nossas mentes ali finalizavam o arquivamento de lembranças de uma atividade inesquecível. 
Ah sim! A cerveja estava gelada! Obrigado a nossa resgatista Mara, que levou a cerveja para “tirar a dor do corpo”!
Caminhar entre o Pelado e o Jurapê aguçou os sentidos. Ficamos alerta, tivemos que “pensar”, tomar decisões, agir. 
Diferente de entrar numa trilha já conhecida, baixar a cabeça, fazer força. Obrigado Rubens, obrigado Jaison; parceiros incríveis!








15 de julho de 2013

Orientando-se na Serra do Quiriri


Nesse final de semana, com um tempo espetacular para estar na montanha, realizamos mais uma edição do curso de Orientação em Montanha da Salamandra Escola de Montanha.


Esse curso em um formato único no Brasil é sempre um grande sucesso. 
Desta vez tivemos participantes de Fortaleza, Rio de Janeiro, Florianópolis, Jaraguá do Sul, Curitiba, Ituporanga, Rio do Sul e Joinville, mostrando cada vez mais a qualidade do nosso serviço e nos deixando muito gratos.


O curso como sempre foi conduzindo com excelência por Reginaldo Carvalho, grande montanhista e um excelente mestre. Com seu perfil simples, confiante e paciente, passou com maestria o conteúdo proposto tanto na teoria como na parte prática.




O local é um caso a parte, a magnífica Serra do Quiriri sempre impressiona com suas belezas peculiares: campos de altitude, rochas, flores e cursos de águas cristalinas, ainda mais nesses dias de inverno, propícios para dias de escalada em montanhas.




O domínio de técnicas de orientação é necessário para o sucesso de atividades de montanha, seja uma simples caminhada a fim de semana ou uma investida mais exigente como travessias, abertura de trilhas, subida de montanhas de difícil acesso entre outras.


O curso é destinado a montanhistas, guias profissionais e afins, trazendo em seu conteúdo o manuseio de cartas topográficas, bússola, GPS e princípios de sensoriamento remoto, adaptados ao ambiente de montanha.
Possui uma metodologia prática/teórica aplicada em um circuito de dois dias na Serra do Quiriri - Santa Catarina.



A parte teórica do curso foi realizada no Núcleo Ecológico Mutuca, localizado na Estrada Mutucas, aos pés do Morro da Tromba em área de Mata Atlântica. Espaço multi-vivências. Água e mata. Plantando sementes de percepção...


Essas belas imagens foram produzidas por Dashmesh Photos, para conhecer mais o excelente trabalho da fotografa Claudia Baartsch acesse a sua Fan Page clicando aqui.


A viabilização desse curso foi facilitada pelos nossos parceiros e apoiadores:
Jurapê Equipamentos para Aventura - www.jurapeaventura.com.br
Go Faster - www.gofaster.com.br 
Núcleo Ecológico Mutuca - www.nucleomutuca.com.br

Próxima edição 14 e 15 de setembro!!!!
  

 Vejam mais fotos na Fan Page da Salamandra Escola de Montanha!!!

8 de julho de 2013

I love GRANITO

Boulders do setor Beira Mar, Ilha de São Francisco do Sul/SC em 07/07/2013.

João Cassol no clássico Jedy V4

O aprendizado que a escalada me proporciona não pode ser medido em números. 
O grau de dificuldade encontrado em cada linha, serve apenas como parâmetro para uma avaliação de rendimento em um determinado período. 
Seria por demais enfadonho se propor a escalar um linha só por ela ter ou ser de um determinado grau. Claro que é óbvio, mas convém deixar claro, que o grau de dificuldade é uma das variáveis na escolha de um projeto pessoal de evolução e deve ser buscado essa ampliação numérica, porém isso não pode ser o motivo principal da BUSCA! 

Daniel Casas fazendo o FA da Encruzilhada V3

Acontece em algumas ocasiões, aprendermos mais em um grau que dominamos, em uma escalada trivial, do que muitas vezes em um projeto o qual repetimos a exaustão até o êxito.
Buscar uma linha pela beleza e pelo desfrute, sentir o quanto ela pode propiciar de aprendizado é mais sutil e difícil de ser captado, principalmente se não estivermos abertos a experiência e fechados apenas pela busca numérica.

Rafel Achieri aprendendo com o mestre Gedy.

O setor Beira Mar, apesar de ser frequentando desde do século passado e ensinado muita gente com seu granito duro, não é um dos lugares mais pop da ilha. Com toda certeza ainda resta uma infinidade de boulders que esperam a primeira ascensão, haja visto a quantidade de blocos espalhados entre a encosta e o mar. 
Gabi Casas na kdna do Mica Gay V0

Diego mandando o Mica Gay V0

Joãozim apertando com força o Sica Gay V6